VIDA OBSCURA
“Ninguém sentiu
o teu espasmo obscuro
ó ser humilde entre
os humildes seres,
embriagado, tonto de
prazeres,
o mundo para ti foi
negro e duro.
Atravessaste no silêncio escuro
a vida presa a
trágicos deveres
e chegaste ao saber
de altos saberes
tornando-te mais
simples e mais puro.
Ninguém te viu o sofrimento inquieto,
magoado, oculto e
aterrador, secreto,
que o coração te
apunhalou no mundo,
Mas eu que sempre te segui os passos
sei que a cruz
infernal prendeu-te os braços
e o teu suspiro como
foi profundo!
(SOUSA, C. Obra completa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1961)
1. Com uma
obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Souza
transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a
realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em:
a) sofrimento tácito diante dos
limites impostos pela discriminação.
b) tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.
c) extenuação
condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.
d) frustração amorosa
canalizada para as atividades intelectuais.
e) vocação religiosa
manifesta na aproximação com a fé cristã.
CÁRCERE DAS ALMAS
“Ah! Toda a alma num
cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas,
entre as grades
Do calabouço olhando
imensidades,
Mares, estrelas,
tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões
as liberdades
Sonha e, sonhando, as
imortalidades
Rasga no etéreo o
Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais
e abandonadas,
Da Dor no calabouço,
atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu
possui as chaves
para abrir-vos as
portas do Mistério?!”
(CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa.
Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil,
1993. )
2. Os elementos formais
e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no
poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são:
a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e
direta, de temas filosóficos.
b) a prevalência do
lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista.
c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de
temas universais.
d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa
em imagens poéticas inovadoras.
e) a liberdade formal
da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de
temas do cotidiano.
3. Das alternativas abaixo, indique a que não se aplica ao Simbolismo:
a) Procurou instalar um
credo estético com base no subjetivismo.
b) Não precisar as coisas, antes sugeri-las.
c) Racionalismo absoluto.
d) Expressão indireta e simbólica.
e) Transcendentalismo
Leia
os seguintes versos:
Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da tua voz deliciava...
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.
Era um som feito luz, eram volatas
Em lânguida espiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas...
Tanta harmonia melancolizava.
4. Assinale a alternativa que reúne as características simbolistas presentes no texto:
a) Sinestesia, aliteração, sugestão.
b) Clareza, perfeição formal, objetividade.
c) Aliteração, objetividade, ritmo constante.
d) Perfeição formal, clareza, sinestesia.
e) Perfeição formal, objetividade,
sinestesia.
5. Estão, entre as principais características do Simbolismo:
a) Presença de elementos da cultura
greco-latina; cultivo de formas clássicas, como o soneto; uso de uma linguagem
simples com vocabulário comum; desprezo pela vida urbana e gosto pela paisagem
campestre.
b) Linguagem vaga, fluida e
imprecisa, com abundante emprego de substantivos abstratos e adjetivos;
aproximação ou cruzamento de campos sensoriais diferentes, procedimento
denominado sinestesia; presença do misticismo e da religiosidade.
c) Expressão das contradições e do conflito
espiritual do homem; uso de figuras de linguagem, sugestões de cor e som e de
imagens fortes com a finalidade de traduzir o sentido trágico da vida.
d) Uso de um vocabulário culto e gosto pelas
formas clássicas, presença do objetivismo e do racionalismo; presença de
elementos da mitologia greco-latina e universalismo.
e) a prevalência do lirismo amoroso e intimista
em relação à temática nacionalista.
6. O simbolismo caracterizou-se por ser:
a) positivista, naturalista e cientificista;
b) antipositivista, antinaturalista e
anticientificista;
c) objetivista e materialista.
d) uma retomada aos modelos greco-latinos;
e) subjetivista e racionalista.
Para responder à questão, leia o poema
O
mar
Que
nostalgia vem das tuas vagas,
Ó
velho mar, ó lutador oceano!
Tu
de saudades íntimas alagas
O
mais profundo coração humano.
Sim!
Do teu choro enorme e soberano,
Do
teu gemer nas desoladas plagas,
Sai
o quer que é, rude sultão ufano,
Que
abre nos peitos verdadeiras chagas.
Ó
mar! ó mar! embora esse eletrismo,
Tu
tens em ti o gérmen do lirismo,
És um poeta lírico demais.
E
eu para rir com bom humor das tuas
Nevroses
colossais, bastam-me as luas
Quando fazem luzir os seus metais.
(Cruz
e Sousa)
7. Com base no poema e em seu contexto, preencha os parênteses com V para verdadeiro e F para falso.
( ) A obsessão pelo branco, uma das características de Cruz e Sousa, aparece de forma intensa neste poema.
( ) O soneto, através do uso da personificação, estabelece uma relação de correspondência entre o mar e o poeta.
( ) O mar surge, no poema, como um elemento catalizador de memórias e de inspiração.
( ) O soneto expressa forte musicalidade, revelada no cuidado com a linguagem, embora seja composto de versos brancos.
O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) F – V – V – V
b)
F – V – V – F
c) F – V – F – F
d) V – F – V – V
e) V – F – F – V
LEIA
O POEMA ABAIXO PARA RESPONDER AS QUESTÕES 8 E 9:
Cansei-me
de tentar o teu segredo:
No
teu olhar sem cor, — frio escalpelo, —
O
meu olhar quebrei, a debatê-lo,
Como
a onda na crista dum rochedo.
Segredo
dessa alma, e meu degredo
E
minha obsessão! Para bebê-lo,
Fui
teu lábio oscular, num pesadelo,
Por
noites de pavor, cheio de medo.
E
o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou
sobre o mármore correto
Desse
entreaberto lábio gelado...
Desse
lábio de mármore, discreto,
Severo
como um túmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.
PESSANHA,
Camilo. Clepsidra: poemas de Camilo Pessanha. São Paulo: Ateliê Editorial,
2009. p. 63.
8. O sujeito poético
a)
Mostra-se desencantado pela impossibilidade de realização do desejo.
b)
Experimenta
a sensação de exilado decorrente do distanciamento físico da amada.
c)
Projeta-se
num tempo futuro a fim de alcançar a felicidade.
d)
Sublima
o sentimento amoroso, afastando-se de uma atmosfera erótica.
e) Revela-se como um ser emocionalmente instável, oscilando entre sentimentos antitéticos.
9. As comparações utilizadas pelo poeta sugerem
a) Ansiedade.
b) Orgulho.
c)
Indiferença.
d) Dilaceração.
e) Persistência.
10. Para responder à questão, considere o poema Inefável em seu contexto, e leia as afirmativas que seguem.
Nada
há que me domine e que me vença
Quando
a minh’alma mudamente acorda...
Ela
rebenta em flor, ela transborda
Nos
alvoroços da emoção imensa.
Sou
como um Réu de celestial sentença,
Condenado
do Amor, que se recorda
Do
Amor e sempre no Silêncio borda
De
estrelas todo o céu em que erra e pensa.
Claros,
meus olhos tornam-se mais claros
E
tudo vejo dos encantos raros
E
de outras mais serenas madrugadas!
Todas
as vozes que procuro e chamo
Ouço-as
dentro de mim porque eu as amo
Na
minha alma volteando arrebatadas (CRUZ E SOUZA)
I.
A subjetividade, a sugestão no conteúdo e um cultivo à técnica formal revelam
características da obra de um dos poetas mais importantes da escola simbolista.
II.
Substantivos comuns grifados com maiúsculas, a obsessão pelo claro, pela cor
branca, são marcas do poeta Cruz e Souza.
III.
As aliterações são também um traço típico da obra deste poeta, perceptíveis no
poema “Inefável”.
IV.
Característica típica do simbolismo, o eu lírico neste poema sofre fisicamente
por um amor não vivido.
As
afirmativas corretas são, apenas,
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d)
I, II e III.
e) II, III e IV.
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