ARTIGO DE OPINIÃO
A QUANTIDADE DE MELANINA CONTA PONTO NA PROVA
Chegar
à universidade é o sonho de milhões de jovens brasileiros, independentemente da
cor da pele. Porém, todos sabemos que no Brasil só goza de boa educação quem
pode pagar por ela, e isso acaba fazendo com que pessoas pobres cheguem, no
máximo, a concluir o ensino médio. Com a finalidade de “mascarar” essa
realidade, o Supremo Tribunal Federal aprovou em maio deste ano as cotas
raciais que facilitam à entrada de negros – negros, não pobres – no ensino
superior.
A
princípio, parece uma ação nobre, de pessoas “boazinhas”, afinal de contas, os
negros que já sofreram tanto ao longo de sua história, terão mais chances de
vencer na vida. Mas a questão é bem mais complexa que isso. Em primeiro lugar,
não são os negros que sofrem com educação de baixa qualidade, são os pobres.
Consequentemente, não importando a quantidade de melanina, são as pessoas de
baixa renda que encontram dificuldades para entrar em uma universidade. Por
outro lado, uma pessoa qualquer que se esforçou muito para passar no vestibular
pode acabar perdendo sua vaga para uma pessoa negra que não se esforçou tanto,
somente porque esta segunda tem mais melanina na pele. É revoltante.
Outro
problema consequente dessas cotas, é que os negros favorecidos sofrerão mais
preconceito do que nunca. E isso fará com que eles enfrentem problemas até na
hora de conseguir emprego, quando sua capacidade profissional for questionada.
E ainda tem mais. Em um país de grande miscigenação como o Brasil, quem pode se
declarar negro? Como classificar uma pessoa negra? Quais os critérios?
É
inquestionável que o Brasil tenha uma grande dívida com os negros. Mas não é só
com eles. Há dívidas com os indígenas, com os nordestinos, com os gays e, acima
de tudo, com os pobres. Se a meta é diminuir a desigualdade no ensino superior,
vamos melhorar as escolas, pagar melhor aos professores, enfim, tirar a
educação brasileira do poço no qual ela se encontra. E aí, só faltará o esforço
de cada um, sem divisão.
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