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Remígio-PB, Paraíba, Brazil
Mestre em Letras pela UEPB e professor de Língua Portuguesa do ensino médio em escola de tempo INTEGRAL. Meu interesse com esse espaço é poder divulgar e compartilhar com todas e todos minhas atividades escolares e questões objetivas de português para estudos voltados para concursos públicos e o ENEM.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

SIMULADO DE PORTUGUÊS PARA O 3º ANO SOBRE MODERNISMO NO BRASIL 2ª FASE E SEMÂNTICA


Leia o trecho extraído da obra VIDAS SECAS.

Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro.
O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. – Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai. Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.
A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. – Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou ata-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.
Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinhá Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados no estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a Sinhá Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos. Sinhá Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis. E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silencio grande.
Ausente do companheiro, a cachorra Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, as costelas à mostra, corria ofegando, a língua fora da boca. E de quando em quando se detinha, esperando as pessoas, que se retardavam. [...]
Iam-se amodorrando e foram despertados por Baleia, que trazia nos dentes um preá. Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinhá Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensanguentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo. Aquilo era caça bem mesquinha, mas adiaria a morte do grupo.
E Fabiano queria viver. Olhou o céu com resolução. A nuvem tinha crescido, agora cobria o morro inteiro. Fabiano pisou com segurança, esquecendo as rachaduras’ que lhe estragavam os dedos e os calcanhares. Sinhá Vitória remexeu no baú, os meninos foram quebrar uma haste de alecrim para fazer um espeto. Baleia, o ouvido atento, o traseiro em repouso e as pernas da frente erguidas, vigiava, aguardando a parte que lhe iria tocar, provavelmente os ossos do bicho e talvez o couro.
(Graciliano Ramos)


1.   Pode-se dizer do romance, "Vidas Secas” que é uma grande obra:

a)    Pelo tratamento que dá aos conflitos de terra do país.
b)    Pois trata da coisificação das relações humanas e da autodestruição.
c)    Pelo poder de fixar figuras humanas vivendo sobre o fatalismo das secas da região nordeste.
d)    Pois enaltece a importância da atividade agrícola para as populações rurais.

2.   Uma característica da 2ª Fase do Modernismo Brasileiro presente nesta obra Vidas Secas é:

a)    Denuncia social por meio da literatura.
b)    Valorização da linguagem falada.
c)    Presença de versos livros.
d)    Valorização da cultura brasileira.
  
3.  Um escritor classificou Vidas secas como “romance desmontável”, tendo em vista sua composição descontínua, feita de episódios relativamente independentes e sequências parcialmente truncadas. Essas características da composição do livro:

a) constituem um traço de estilo típico dos romances de Graciliano Ramos e do regionalismo nordestino
b) indicam que ele pertence à fase inicial de Graciliano Ramos, quando este ainda seguia os ditames do primeiro momento do Modernismo
c) diminuem o seu alcance expressivo, na medida em que dificultam uma visão adequada da realidade sertaneja
d) relacionam-se à visão limitada e fragmentária que as próprias personagens têm do mundo

4.   Sobre a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:

a) o romance focaliza uma família de retirantes, que vive numa espécie de mudez introspectiva, em precárias condições físicas e num degradante estado de condição humana
b) o relato dos fatos e a análise psicológica dos personagens articulam-se com grande coesão ao longo da obra, colocando o narrador como decifrador dos comportamentos animalescos dos personagens
c) o ambiente seco e retorcido da caatinga é como um personagem presente em todos os momentos, agindo de forma contínua sobre os seres vivos
d) o narrador preocupa-se exclusivamente com a tragédia natural (a seca) e a descrição do espaço não é minuciosa; pelo contrário, revela o espírito de síntese do autor.

5.   Segunda Fase do Modernismo: Do período literário que se inicia em 1928 podemos dizer que:

a) a década de 30 é continuação natural do Movimento de 22, acrescentando-lhe tom anárquico e a atitude aventureira.
b) o segundo momento do Modernismo abandonou a atitude destruidora, buscando uma recomposição de valores e a configuração de nova ordem estética.
c) a década de 20 representa uma desagregação das ideias e dos temas tradicionais; e a de 30 destrói as formas ortodoxas de expressão.
d) o segundo momento do Modernismo assumiu como armas de combate o deboche, a piada, o escândalo e a agitação.

6. Observe a imagem e marque um (x) na única alternativa que traz UMA INFORMAÇÃO PRESSUPOSTA do texto:

a)    O politico só tinha calças velhas.
b)    O político mal usa calças.
c)    Nos bolsos das outras calças já entraram dinheiro público.
d)    O político declara em seu discurso que ele é corrupto.

7.   Assinale a interpretação sugerida pelo seguinte trecho publicitário:

FOTOGRAFE OS BONS MOMENTOS AGORA, PORQUE DEPOIS VEM O CASAMENTO...

a) O casamento não merece fotografias.
b) A felicidade após o casamento dispensa fotografias.
c) Os compromissos assumidos no casamento limitam os momentos dignos de fotografia.
d) O casamento é uma cerimônia que exige fotografias exclusivas.

8.   Assinale a única alternativa que contem um SUBENTENDIDO:

a)    A bolsa da senhora está pesada?
b)    Parei de fumar.
c)    Ainda não tomei banho.
d)    Agora você tem um time competitivo.

9.   Assinale a única alternativa em que HÁ NEGAÇÃO do ponto de vista semântico:

a) Eu não já lhe disse tantas vezes para andar direito, meu filho?!
b) Você vai lá em casa hoje a noite, não vai?
c)Não só você, mas também seu irmão vai ter de ir à escola.
d) - Mãe, eu posso ir brincar agora?
-Olhe o dedinho!

10.       O original do Brasil” Com a leitura desse texto pode-se pressupor que:


a)     Somente o refrigerante da propaganda é original do Brasil, os outros não são.
b)     Além dele existem outros refrigerantes  que são originais do Brasil.
c)   Se retirar o artigo determinante “o” que acompanha “original”, não muda em nada o sentido que a propaganda quer transmitir.
d)     Se a frase fosse “O originário do Brasil” também não mudaria nada o sentido.

GABARITO

1. C

2. A

3. A

4. D

5. B

6. C

7. C

8. A

9. D

10. A


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