SIMULADO DE PORTUGUÊS SOBRE PREPOSIÇÃO E REALISMO/NATURALISMO NO BRASIL

 

Com efeito, Bom Crioulo não era somente um homem robusto, uma dessas organizações privilegiadas que trazem no corpo a sobranceira resistência do bronze e que esmagam com o peso dos músculos. A chibata não lhe fazia mossa, tinha costas de ferro para resistir como um Hércules ao pulso do guardião Agostinho. Já nem se lembrava do número das vezes que apanhara de chibata. Entretanto, já iam cinquenta chibatadas. Ninguém lhe ouvira um gemido, nem percebera uma contorção, um gesto qualquer de dor. Viam-se unicamente naquele costado negro as marcas do junco, umas sobre as outras, entrecruzando-se como uma grande teia de aranha, roxas e latejantes, cortando a pele em todos os sentidos. Marinheiros e oficiais, num silêncio concentrado, alongavam o olhar, cheios de interesse, a cada golpe. Cento e cinquenta. Só então houve quem visse um ponto vermelho, uma gota rubra, deslizar no espinhaço negro do marinheiro, e logo este ponto vermelho se transformar numa fita de sangue.

 CAMINHA, A. O Bom Crioulo. São Paulo: Martin Claret, 2006.

 

1.   A prosa naturalista incorpora concepções geradas pelo cientificismo e pelo determinismo. No fragmento, a cena de tortura a Bom-Crioulo reproduz essas concepções, expressas pela:

a) exaltação da resistência inata para legitimar a exploração de uma etnia.

b) defesa do estoicismo individual como forma de superação das adversidades.

c) concepção do ser humano como uma espécie predadora e afeita à morbidez.

d) observação detalhada do corpo para a identificação de características de raça.

e) apologia à superioridade dos organismos saudáveis para a sobrevivência da espécie.

 

2.  Observe as preposições das frases retiradas do texto de Adolfo Caminha e assinale a única alternativa CORRETA sobre o efeito de sentido da preposição em destaque: 

a)    “trazem no corpo a sobranceira resistência do bronze” (FINALIDADE)

b)    “tinha costas de ferro” (MATERIAL)

c)    “número das vezes que apanhara de chibata” (CONTEÚDO)

d)    “como uma grande teia de aranha” (COMPANHIA)

e)    “deslizar no espinhaço negro do marinheiro” (LUGAR)

 

3.   No trecho acima, a preposição "sob" foi utilizada incorretamente. Considerando o sentido pretendido pela frase, assinale a alternativa que apresenta a forma correta de reescrever esse trecho:

a)    ...achar que tem controle com ela.

b)    ...achar que tem controle entre ela.

c)    ...achar que tem controle de ela.

d)    ...achar que tem controle sobre ela.

e)    ...achar que tem controle para ela.

 

4.    Considerando as regras gramaticais da língua portuguesa sobre o uso das preposições, assinale a alternativa correta:

a)    Esta expressão é considerada correta pois tanto faz “Entrega à domicílio” quanto “Entrega em domicílio”.

b)    A expressão “Entrega em domicílio” também estaria incorreta, porque a preposição “em” não transmite sentido de lugar.

c) Na expressão “Entrega à domicílio” podemos substituir a preposição “a” por “para” e mesmo assim a frase continuaria correta.

d)    O correto seria sem a crase “à” (Entrega a domicílio).

e)    A expressão “Entrega à domicílio” está errada, tendo em vista toda entrega ser realizar “em algum lugar” e não “a algum lugar”.

 

CAPÍTULO XXXII — COXA DE NASCENÇA 

Saímos à varanda, dali à chácara, e foi então que notei uma circunstância. Eugênia coxeava um pouco, tão pouco, que eu cheguei a perguntar-lhe se machucara o pé. A mãe calou-se; e a filha respondeu sem titubear:

- Não, senhor, sou coxa de nascença.

O pior é que era coxa. Uns olhos tão lúcidos, uma boca tão fresca, uma compostura tão senhoril; e coxa! Esse contraste faria suspeitar que a natureza é às vezes um imenso escárnio. Por que bonita, se coxa? Por que coxa, se bonita?

Essa voz saía de mim mesmo, e tinha duas origens: a piedade, que me desarmava ante a candura da pequena, e o terror de vir a amar deveras, e desposá-la. Uma mulher coxa!

Foi na varanda, na tarde de uma segunda-feira, ao anunciar-lhe que na seguinte manhã partiria:

- Adeus, suspirou ela, faz bem em fugir ao ridículo de casar comigo.

Ia dizer-lhe que não; ela retirou-se lentamente, engolindo as lágrimas. Alcancei-a a poucos passos, e jurei-lhe por todos os santos do céu que eu era obrigado a partir, mas que não deixava de lhe querer muito; tudo hipérboles frias, que ela escutou sem dizer nada.

(ASSIS, M. de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1991, 17ª ed., p. 53-55.)

 

5.    Com base nesse fragmento e nos princípios do Realismo literário brasileiro, assinale a alternativa correta:

a) O trecho apresenta forte idealização da figura feminina, revelando o romantismo característico da época.

b)    A descrição do narrador valoriza o amor platônico, exaltando os sentimentos elevados e a pureza espiritual da personagem Eugênia.

c)    O narrador evidencia sua visão preconceituosa e utilitária da mulher, dividindo-se entre a atração e o receio do "ridículo" social, o que reflete a tensão entre sentimentos e normas sociais vigentes.

d) O narrador, ao descrever Eugênia, rompe com a verossimilhança, adotando um tom fantasioso e exageradamente lírico.

e)    A passagem mostra a influência do Naturalismo, ao atribuir à personagem traços animalescos e primitivos. 


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