ATIVIDADE SOBRE O GÊNERO POEMA

 


 Leia os textos 1 e 2 para responder às questões de 1 a 4:

 

TEXTO 1:

 

Leilão de Jardim

 

Quem me compra um jardim com flores?

Borboletas de muitas cores,

lavadeiras e passarinhos,

ovos verdes e azuis nos ninhos?

 

Quem me compra este caracol?

Quem me compra um raio de sol?

Um lagarto entre o muro e a hera,

uma estátua da Primavera?

 

Quem me compra este formigueiro?

E este sapo, que é jardineiro?

E a cigarra e a sua canção?

E o grilinho dentro do chão?

 

(Este é o meu leilão.)

 

(Cecília Meireles)

 

TEXTO 2:

 

Poema brasileiro

 

No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade 

 

No Piauí

de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade 

 

No Piauí

de cada 100 crianças

que nascem

78 morrem

antes

de completar

8 anos de idade

 

antes de completar 8 anos de idade

antes de completar 8 anos de idade

antes de completar 8 anos de idade

antes de completar 8 anos de idade

 

(Solano Trindade)


1.    Após a leitura dos dois textos, explique:

 

a) Os dois textos são do gênero poema. Qual(is) característica(s) presente(s) neles permite(m) identificar que pertencem a esse gênero? 

b)    Sobre o poema 1, qual tema está sendo abordado?

c)    Que sentimentos a leitura do poema 1 pode despertar no leitor?

d)    Com relação ao poema 2, qual temática está sendo explorada?

e)    Quais sentimentos o poema 2 pode despertar no leitor?

 

2.    Com relação apenas ao poema 1, responda:

a)  No verso “Quem me compra um jardim com flores?”, a palavra "compra" tem um sentido literal ou figurado? Explique sua resposta. 

b)    Quais elementos da natureza são citados no poema? Cite pelo menos quatro.

c)  O poema apresenta várias perguntas seguidas. Na sua opinião, qual é o efeito da repetição da expressão “Quem me compra...” ao longo do texto? 

d)  O poema tem como característica o uso de rimas. Encontre e escreva dois pares de palavras que rimam no texto. 

e)  Se você pudesse “comprar” algum dos elementos citados no poema, qual escolheria? Justifique sua escolha com base nos sentimentos ou significados que esse elemento traz para você.

  

3.    Acerca somente do poema 2, discorra:

 

a) O poema não segue uma estrutura com rimas, versos longos ou floreios poéticos tradicionais. Mesmo assim, é um poema. Que elementos o caracterizam como tal? 

b)    Qual é a principal denúncia feita pelo eu lírico no poema? Explique. 

c)    Por que você acha que o autor repete várias vezes a frase “antes de completar 8 anos de idade”? Qual o efeito dessa repetição no leitor? 

d) O poema apresenta dados sobre mortalidade infantil no Piauí. Como esse dado é transformado em denúncia poética? Explique com suas palavras 

e)  De que forma o poema faz você refletir sobre as desigualdades sociais existentes no Brasil, especialmente em relação às crianças?

 

4.    Comparando os dois poemas, assinale V para verdadeiro e F para falso.

( ) O poema “Leilão de Jardim” tem um tom triste e fala sobre a fome e a miséria.

( ) A repetição da frase “Quem me compra...” no poema de Cecília Meireles ajuda a criar ritmo e musicalidade no texto.

( ) No poema “Poema Brasileiro”, a repetição da expressão “antes de completar 8 anos de idade” tem a função de amenizar o problema apresentado.

( ) Apesar de terem temas diferentes, os dois textos pertencem ao gênero poema, pois possuem versos, ritmo e intenção poética.

( ) O poema “Poema Brasileiro” utiliza a poesia como ferramenta de denúncia social.

( ) No poema “Leilão de Jardim”, a autora utiliza a natureza para despertar encantamento e imaginação no leitor.

 

5.    Os principais elementos que compõem um poema são o verso, a métrica, a estrofe, a rima e o ritmo. Relacione o elemento com a sua definição correta: 

(1)  verso

(2)  métrica

(3)  estrofe

(4)  rima

(5)  ritmo 

(   )É a medida dos versos em sílabas poéticas.

(   )É a melodia do verso.

(   )É cada linha de um poema.

(   )É a sonoridade semelhante que pode existir no fim ou no meio dos versos.

(   )É um grupo de versos de um poema.

 

6.    Segundo a classificação literária, os poemas são reunidos em três gêneros: lírico, épico e narrativo. Assinale V para verdadeiro ou F para falso:

(  ) Poemas líricos são de caráter sentimental e subjetivo, por exemplo, o haicai e o soneto.

(  ) Os Poemas épicos contém a presença de heróis, por exemplo, a epopeia e a fábula.

( ) Os Poemas narrativos são feitos para serem encenados, por exemplo, os autos e as farsas.

(    )  Exemplo de poema lírico:

        Fique atento nesta narração

        É a história de um cabra-macho

        Mas preste bastante atenção

        Não tinha sossego no facho

        De ninguém era capacho

        Só arrumava confusão

(Trecho do Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna)


(    )  Exemplo de poema épico:

As armas e os Barões assinalados

Que da Ocidental praia Lusitana

Por mares nunca de antes navegados

Passaram ainda além da Taprobana,

Em perigos e guerras esforçados

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram.

(Trecho de Os Lusíadas, de Luíz Vaz de Camões)

  

(    )  Exemplo de poema narrativo:

Caçador de estrelas.
Chorou: seu olhar voltou
com tantas! Vem vê-las!

(O Poeta, haicai de Guilherme de Almeida)

 

O poeta e a poesia

Não é o poeta que cria a poesia.

E sim, a poesia que condiciona o poeta.


Poeta é a sensibilidade acima do vulgar.

Poeta é o operário, o artífice da palavra.

E com ela compõe a ourivesaria de um verso.

 

Poeta, não somente o que escreve.

É aquele que sente a poesia,

se extasia sensível ao achado

de uma rima, à autenticidade de um verso.

 

Poeta é ser ambicioso, insatisfeito,

procurando no jogo das palavras,

no imprevisto texto, atingir a perfeição inalcançável.

 

O autêntico sabe que jamais

chegará ao prêmio Nobel.

O medíocre se acredita sempre perto dele.

 

Alguns vêm a mim.

Querem a palavra, o incentivo, à apreciação.

Que dizer a um jovem ansioso na sede precoce de lançar um livro…

Tão pobre ainda a sua bagagem cultural,

tão restrito seu vocabulário,

enxugando lágrimas que não chorou,

dores que não sentiu,

sofrimentos imaginários que não experimentou.

(Cora Coralina. Vintém de cobre, meias confissões de Aninha. São Paulo: Global, 1991)

 

7.    Sobre o poema acima, responda: 

a)    De acordo com o poema, quem cria quem: o poeta cria a poesia ou a poesia cria o poeta? Explique esse pensamento.

b)   O poema apresenta algumas características que, segundo a autora, definem o verdadeiro poeta. Quais são essas características? Cite e explique duas.

c) Explique o que a autora quer dizer quando afirma que o poeta busca “a perfeição inalcançável”.

d) Qual é a crítica que Cora Coralina faz aos jovens escritores que querem publicar um livro antes de amadurecerem?

e) O que a autora quer dizer ao afirmar que muitos jovens escritores “enxugam lágrimas que não choraram e dores que não sentiram”?

 

A pesca

 

O anil

O anzol

O azul

 

O silêncio

O tempo

O peixe

 

A agulha

vertical

mergulha

 

A água

A linha

A espuma

 

O tempo

O peixe

O silêncio

 

A garganta

A âncora

O peixe

 

A boca

O arranco

A rasgão

 

Aberta a água

Aberta a chaga

Aberto o anzol

 

Aquelíneo

Ágil-claro

Estabanado

 

O peixe

A areia

O sol.

SANT’ANNA, Affonso Romano de. Poesia sobre poesia. Rio de Janeiro, Imago, 1975. p.145.

 

8.    O poema “A Pesca”, de Affonso Romano de Sant’Anna, foi publicado no livro “Poesia sobre poesia” (1975). Ele faz parte da produção poética do século XX, mais especificamente inserida no contexto da poesia contemporânea brasileira, que se desenvolveu a partir da década de 1970. A partir de sua leitura, responda:

 

a) Cada estrofe, ou grupo de estrofes, representa uma etapa do processo de pesca. Identifique essas etapas, indicando quais momentos da pescaria estão sendo retratados. 

b) Na penúltima estrofe, aparecem três adjetivos. Quais deles transmitem a ideia de movimento? Explique qual é a importância dessa característica para o sentido do poema.

c)    Embora o poema busque representar o ato de pescar, há apenas um verbo presente nos versos. Identifique esse verbo.

d)    O poema apresenta uma sequência de ações ou descreve uma cena fixa? Explique sua resposta.

e) O poema não utiliza conectivos para ligar os versos e as palavras. A ausência de elementos de coesão prejudica o entendimento do poema? Explique.

 

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar

(Não sei se dura ou caroável),

talvez eu tenha medo.

Talvez sorria, ou diga:

— Alô, iniludível!

O meu dia foi bom, pode a noite descer.

(A noite com os seus sortilégios.)

Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

A mesa posta,

Com cada coisa em seu lugar.

(Manoel Bandeira, 1953)

9.    Com base na leitura do poema acima, explique:

a)    Qual o significado da palavra “consoada”?

b)    Segundo o sujeito eu-lírico do poema, quem seria a “indesejada das gentes”?

c)    No decorrer do poema, há dois versos que aparecem entre parênteses. O que esse sinal de pontuação sugere para esses versos?

d)    O que o sujeito quis expressar ao dizer “a noite com os seus sortilégios”?

e)   A morte é um tema recorrente na poesia de Manuel Bandeira. O que os últimos três versos do poema sugerem sobre o sujeito eu-lírico em relação à morte?

 

TEXTO 1:

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai, Carlos, ser gauche na vida

 

As casas espiam os homens

Que correm atrás de mulheres

A tarde talvez fosse azul

Não houvesse tantos desejos

 

O bonde passa cheio de pernas

Pernas brancas, pretas, amarelas

Para que tanta perna, meu Deus? Pergunta meu coração

Porém, meus olhos

Não perguntam nada [...]

 

(Carlos Drummond de Andrade, 1930)

 

TEXTO 2:

Let's play that

quando eu nasci

um anjo louco muito louco

veio ler a minha mão

não era um anjo barroco

era um anjo muito louco, torto

com asas de avião

 

eis que esse anjo me disse

apertando minha mão

com um sorriso entre dentes

vai bicho desafinar

o coro dos contentes

vai bicho desafinar

o coro dos contentes

let's play that

 

(Torquato Neto, 1983)

 

10. Os dois poemas acima, embora publicados em épocas e contextos literários diferentes ainda apresentam pontos em comum. Responda às questões a seguir:

a)    Nos dois poemas aparece um anjo. Como esse anjo é descrito em cada texto? 

b)   O que o anjo manda Drummond fazer quando ele nasce? E o que manda Torquato Neto fazer?

c)   Em qual dos dois poemas o tom é mais divertido, engraçado ou descontraído? E qual é mais sério? Explique sua opinião.

d)    A palavra "gauche" vem da língua francesa e significa "esquerdo". A expressão parece ser uma metáfora para quem é estranho, diferente, anda ao contrário da maioria. O que você compreende sobre o que anjo pede a Carlos?

e)    O poema de Torquato Neto usa a expressão em inglês “Let’s play that”. Você sabe o que significa? Por que você acha que ele usou uma expressão em inglês no meio do poema?

 

Leia a obra de Cecília Meireles e responda à questão:


OU ISTO OU AQUILO

Ou se tem chuva e não se tem sol,

ou se tem sol e não se tem chuva!

 

Ou se calça a luva e não se põe o anel,

ou se põe o anel e não se calça a luva!

 

Quem sobe nos ares não fica no chão,

quem fica no chão não sobe nos ares.

 

É uma grande pena que não se possa

estar ao mesmo tempo nos dois lugares!

 

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,

ou compro o doce e gasto o dinheiro.

 

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…

e vivo escolhendo o dia inteiro!

 

Não sei se brinco, não sei se estudo,

se saio correndo ou fico tranquilo.

 

Mas não consegui entender ainda

qual é melhor: se é isto ou aquilo.

 

(https://www.culturagenial.com/poemas-cecilia-meireles/)

 

11. Assinale a alternativa incorreta, de acordo com o poema acima:

a)    O poema foi escrito, visando o público infantil.

b)    O poema fala das incertezas e dúvidas infantis.

c)    O poema ensina sobre o ato de escolher.

d)    Através de linguagem rebuscada e difícil, Cecília busca trazer a realidade infantil em seu poema.

e)    Trata-se de um poema lírico que apresenta versos livres. 

 

Leia o poema a seguir para a questão 12:

POÇAS D’ÁGUA

As poças d´água são um mundo mágico

Um céu quebrado no chão

Onde em vez de tristes estrelas

Brilham os letreiros de gás Néon.

 

(Mario Quintana, Preparativos de viagem, São Paulo, Globo, 1994.)

12. Levando-se em conta o texto como um todo, é correto afirmar que a metáfora presente no primeiro verso se justifica porque as poças:

a)    Refletem a tristeza e a solidão do eu-lírico.

b)    Representam um espaço de sonhos e imaginação.

c)    São comparadas a um mundo real e palpável.

d)    Revelam a fragilidade da vida urbana.

e)    Simbolizam a escuridão da noite e o desconhecido.

 

TECENDO A MANHÃ

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito de um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

 

(MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas.2007)

 

13. Estrutura repetitiva dos versos cria um ritmo que reflete:

a)    A previsibilidade do fracasso dos galos tecerem a manhã.

b)  A dinâmica da vida em grupo, na qual a colaboração é definitiva para alcançar grandes objetivos.

c)    A independência dos indivíduos na construção de realidades paralelas.

d)  Que a manhã é resultado da liderança de um galo, que ao conclamar os demais, consegue levar a comunidade ao avanço.

e)  Como a realidade do mundo animal não se aplica à vida humana, pois o homem não é capaz de tecer a manhã.

  

“ Vou-me embora prá Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora prá Pasárgada”

 

( Manuel Bandeira )

14. Ao ler esses versos de Manuel Bandeira, pode-se dizer que:

I - O poema reflete a busca do autor para a liberdade.

II - No poema há o entendimento de que o autor já viveu em Pasárgada, como se lá fosse a sua própria morada de outrora.

III - O poema ressalta a ideia do poeta de uma fuga para um lugar melhor.

IV - Em Pasárgada, o autor teria a possibilidade de viver aventuras amorosas e a satisfação de desejos eróticos.

 

Estão corretos os itens:

a)    Somente I e IV

b)    Somente II e III

c)    Somente I e III

d)    I, II, III e IV

e)    Nenhuma das opções.

 

SONETO DE FIDELIDADE

 

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

(DE MORAES, V. Soneto de Fidelidade., 1939.)

15. A partir do Soneto de Fidelidade e das declarações destacadas na enumeração a seguir, assinale a alternativa que melhor justifica a sua versificação:

 

I- É um poema escrito em redondilha maior, com versos de sete sílabas, chamados de heptassílabos. 

II- É um poema com versos decassílabos ou alexandrinos, agrupados em duas quadras e em dois tercetos.

III- Os versos são compostos por três rimas, “ento”, “ure” e “ama”.

IV- Os versos possuem tercetos não tradicionais aos que se estudam em sonetos italianos.

 

a)    Apenas a I está correta.

b)    As opções I, II e III estão erradas.

c)    As opções II e IV estão corretas.

d)    As opções II, III e IV estão corretas.

e)    Todas as declarações estão erradas.

 

 

MIGALHAS

Entre a toalha branca e um bule de café

seria inapropriado dizer

eu não te amo mais.

Era necessário algo mais solene,

um jardim japonês para as perdas pensadas,

um noturno de tempestade para arrebentar de dor,

uma praia de pedras para chorar em silêncio,

uma cama alta para o incenso da despedida,

uma janela dando para o abismo.

No entanto você abaixa os olhos

e recolhe lentamente as migalhas de pão

sobre a mesa posta para dois.

(MARQUES, A. M. A vida submarina. São Paulo: Cia. das Letras, 2021.)

 

16. Nesse poema, a representação do sentimento amoroso recupera a tradição lírica, mas se ajusta à visão contemporânea ao

a)    invocar o interlocutor para uma tomada de posição.

b)    questionar a validade do envolvimento romântico.

c)    diluir em banalidade a comoção de um amor frustrado.

d)    transformar em paz as emoções conflituosas do casal.

e)    condicionar a existência da paixão a espaços idealizados.

 

Sou um homem comum

brasileiro, maior, casado, reservista,

e não vejo na vida, amigo

nenhum sentido, senão

lutarmos juntos por um mundo melhor.

Poeta fui de rápido destino

Mas a poesia é rara e não comove

nem move o pau de arara.

Quero, por isso, falar com você

de homem para homem,

apoiar-me em você

oferecer-lhe meu braço

que o tempo é pouco

e o latifúndio está aí matando

[...]

Homem comum, igual

a você,

 

[...]

Mas somos muitos milhões de homens

comuns

e podemos formar uma muralha

com nossos corpos de sonhos e margaridas.

 (FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).)

 

17. No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de

a)    agregação construtiva e poder de intervenção na ordem instituída.

b)    força emotiva e capacidade de preservação da memória social.

c)    denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias.

d)    ampliação do universo cultural e intervenção nos valores humanos.

e)    identificação com o discurso masculino e questionamento dos temas líricos.

  

Casamento

Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como “este foi difícil”

“prateou no ar dando rabanadas” e

faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.

(PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.)

 

18. O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação de limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma

a)    expectativa do marido em relação à esposa.

b)    imposição dos afazeres conjugais.

c)    disposição para realizar tarefas masculinas.

d)    dissonância entre as vozes masculina e feminina.

e)    forma de consagração da cumplicidade no casamento.

 

O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem

de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa.

Passou um homem depois e disse: Essa volta que o rio faz

por trás de sua casa se chama enseada.

Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia

uma volta atrás da casa.

Era uma enseada.

Acho que o nome empobreceu a imagem.

(BARROS, M. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2001.)

 

19. Manoel de Barros desenvolve uma poética singular, marcada por “narrativas alegóricas”, que transparecem nas imagens construídas ao longo do texto. No poema, essa característica aparece representada pelo uso do recurso de

a)    resgate de uma imagem da infância, com a cobra de vidro.

b)    apropriação do universo poético pelo olhar objetivo.

c)    transfiguração do rio em um vidro mole e cobra de vidro.

d)    rejeição da imagem de vidro e de cobra no imaginário poético.

e)    recorte de elementos como a casa e o rio no subconsciente.

 

Poética

“O que é a Poesia?

uma ilha

cercada

de palavras

por todos

os lados.

Que é o Poeta?

um homem

que emprega o poema

com o suor do seu rosto.

Um homem

que tem fome

como qualquer outro

homem.”

(Cassiano Ricardo)

 

20. Assinale a alternativa que traz informação CORRETA a respeito do poema de Cassiano Ricardo.

a)  O poeta, por se mostrar efêmero, proclama a necessidade de ser intenso e aproveitar cada momento de sua inspiração.

b)    O poeta enaltece os obstáculos que surgem ao longo de sua criação poética.

c)   Todos os versos são marcados por enorme desejo de alcançar a liberdade em um lugar onde haja plena harmonia.

d)    O poeta quando afirma que “poesia é uma ilha cercada de palavras por todos os lados...” valoriza o vocabulário porque considera um estímulo para o desenvolvimento da escrita, da leitura e do raciocínio intelectual.

e)    Os versos são construídos a partir de um vocabulário cotidiano com o intuito de estimular o leitor a ser um poeta criativo.

 

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GABARITO OFICIAL

 

1.

a) Ambos têm versos curtos, divisão em estrofes, ritmo e intenção poética, com uso criativo da linguagem.

b) Imaginação e encanto com elementos da natureza como se fossem vendidos em um leilão.

c) Encantamento, leveza, alegria, curiosidade, senso lúdico.

d) Denúncia social sobre a mortalidade infantil no Piauí.

e) Indignação, tristeza, revolta, compaixão, reflexão sobre desigualdade.

 

2.

a) Figurado: não é venda real, mas convite ao imaginário e à fantasia.

b) Jardim com flores, borboletas, passarinhos, caracol, raio de sol, lagarto, sapo, formigueiro, cigarra, grilo.

c) Cria ritmo, musicalidade, reforça o tom lúdico e o apelo ao imaginário.

d) Flores / cores e Canção / chão

e) Sugestão de resposta: Eu escolheria o raio de sol, porque simboliza alegria, calor e esperança.

 

3.

a) Uso expressivo da linguagem, versos livres, repetição, forte carga emocional e reflexiva.

b) A alta mortalidade infantil no Piauí.

c) Impacto, ênfase, causa choque, força o leitor a encarar a gravidade do dado.

d) Ao repetir e fragmentar o dado, gera comoção, urgência e um tom de protesto.

e) Mostra injustiça social, diferença no acesso a saúde, expõe vulnerabilidade infantil no Brasil.

 

4. ( F ) ( V ) ( F ) ( V ) ( V ) ( V )

5. (2) (5) (1) (4) (3)

6. ( V ) ( V ) ( V ) ( F ) ( V ) ( F )

 

7.

a) A poesia cria o poeta — é a poesia que molda o poeta.

b) Sensibilidade acima do vulgar (capacidade de sentir o mundo) e Operário da palavra (trabalha a linguagem com cuidado).

c) A busca constante de melhorar a poesia, mesmo sabendo que nunca será perfeita.

d) Publicam cedo demais, sem bagagem cultural ou maturidade.

e) Fingem emoções não vividas; escrevem sem autenticidade.

 

8.

a) Preparação (anzol, linha, silêncio), espera, fisgada, arranco do peixe.

b) Aquelíneo, ágil-claro, estabanado. Destacam o movimento brusco do peixe.

c) Mergulha

d) Sequência de ações — descreve o processo da pesca em etapas.

e) Não. Torna o poema mais fragmentado e direto, refletindo o ato da pesca.

 

9.

a) Lanche à noite após o jantar, antes de ir dormir.

b) A morte.

c) Comentário reflexivo.

d) Mistério.

e) Sugere aceitação: morte como visita esperada.

 

10.

a) Drummond: anjo torto, sombrio e Torquato: anjo louco, com asas de avião.

b) Drummond: ser gauche na vida (diferente, deslocado) e Torquato: desafinar o coro dos contentes (questionar o sistema).

c) Torquato: mais descontraído e irônico e Drummond: mais sério e introspectivo.

d) Viver de forma não convencional, aceitar ser diferente.

e) “Vamos tocar isso / brincar com isso”. Uso do inglês dá tom moderno, globalizado, pop.

 

11. D

12. B

13. B

14. D

15. C

16. C

17. A

18. E

19. C

20. D

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