TEXTO 1: Leilão de Jardim Quem me compra um jardim com flores? Borboletas de muitas cores, lavadeiras e passarinhos, ovos verdes e azuis nos ninhos? Quem me compra este caracol? Quem me compra um raio de sol? Um lagarto entre o muro e a hera, uma estátua da Primavera? Quem me compra este formigueiro? E este sapo, que é jardineiro? E a cigarra e a sua canção? E o grilinho dentro do chão? (Este é o meu leilão.) (Cecília
Meireles) |
TEXTO 2: Poema brasileiro No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78
morrem antes de completar 8 anos de idade
No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem
antes de completar 8 anos de idade No Piauí de cada 100 crianças que nascem 78 morrem antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade antes de completar 8 anos de idade (Solano
Trindade) |
1.
Após a leitura dos dois textos, explique:
a) Os dois textos são do gênero poema. Qual(is) característica(s) presente(s) neles permite(m) identificar que pertencem a esse gênero?
b) Sobre o poema 1, qual tema está sendo abordado?
c) Que sentimentos a leitura do poema 1 pode despertar no leitor?
d) Com relação ao poema 2, qual temática está sendo explorada?
e)
Quais
sentimentos o poema 2 pode despertar no leitor?
2. Com relação apenas ao poema 1, responda:
a) No verso “Quem me compra um jardim com flores?”, a palavra "compra" tem um sentido literal ou figurado? Explique sua resposta.
b) Quais elementos da natureza são citados no poema? Cite pelo menos quatro.
c) O poema apresenta várias perguntas seguidas. Na sua opinião, qual é o efeito da repetição da expressão “Quem me compra...” ao longo do texto?
d) O poema tem como característica o uso de rimas. Encontre e escreva dois pares de palavras que rimam no texto.
e) Se
você pudesse “comprar” algum dos elementos citados no poema, qual escolheria?
Justifique sua escolha com base nos sentimentos ou significados que esse
elemento traz para você.
3. Acerca
somente do poema 2, discorra:
a) O poema não segue uma estrutura com rimas, versos longos ou floreios poéticos tradicionais. Mesmo assim, é um poema. Que elementos o caracterizam como tal?
b) Qual é a principal denúncia feita pelo eu lírico no poema? Explique.
c) Por que você acha que o autor repete várias vezes a frase “antes de completar 8 anos de idade”? Qual o efeito dessa repetição no leitor?
d) O poema apresenta dados sobre mortalidade infantil no Piauí. Como esse dado é transformado em denúncia poética? Explique com suas palavras
e) De que
forma o poema faz você refletir sobre as desigualdades sociais existentes no
Brasil, especialmente em relação às crianças?
4. Comparando
os dois poemas, assinale V para verdadeiro e F para falso.
( ) O poema “Leilão de Jardim”
tem um tom triste e fala sobre a fome e a miséria.
( ) A repetição da frase “Quem
me compra...” no poema de Cecília Meireles ajuda a criar ritmo e musicalidade
no texto.
( ) No poema “Poema
Brasileiro”, a repetição da expressão “antes de completar 8 anos de idade” tem
a função de amenizar o problema apresentado.
( ) Apesar de terem temas
diferentes, os dois textos pertencem ao gênero poema, pois possuem versos,
ritmo e intenção poética.
( ) O poema “Poema Brasileiro”
utiliza a poesia como ferramenta de denúncia social.
( ) No poema “Leilão de
Jardim”, a autora utiliza a natureza para despertar encantamento e imaginação
no leitor.
5. Os principais elementos que compõem um poema são o verso, a métrica, a estrofe, a rima e o ritmo. Relacione o elemento com a sua definição correta:
(1) verso
(2) métrica
(3) estrofe
(4) rima
(5) ritmo
( )É a medida dos
versos em sílabas poéticas.
( )É a melodia do
verso.
( )É cada linha de
um poema.
( )É a sonoridade
semelhante que pode existir no fim ou no meio dos versos.
( )É um grupo de
versos de um poema.
6. Segundo
a classificação literária, os poemas são reunidos em três gêneros: lírico,
épico e narrativo. Assinale V para verdadeiro ou F para falso:
( ) Poemas líricos são de caráter sentimental e
subjetivo, por exemplo, o haicai e o soneto.
( ) Os Poemas épicos contém a presença de
heróis, por exemplo, a epopeia e a fábula.
( ) Os Poemas narrativos são feitos para serem
encenados, por exemplo, os autos e as farsas.
( )
Exemplo de poema lírico:
Fique atento nesta narração
É a história de um cabra-macho
Mas preste bastante atenção
Não tinha sossego no facho
De ninguém era capacho
Só arrumava confusão
(Trecho do Auto da
Compadecida, de Ariano Suassuna)
( ) Exemplo
de poema épico:
As
armas e os Barões assinalados
Que
da Ocidental praia Lusitana
Por
mares nunca de antes navegados
Passaram
ainda além da Taprobana,
Em
perigos e guerras esforçados
Mais
do que prometia a força humana,
E
entre gente remota edificaram
Novo
Reino, que tanto sublimaram.
(Trecho de Os Lusíadas, de Luíz Vaz de Camões)
( )
Exemplo de poema narrativo:
Caçador
de estrelas.
Chorou: seu olhar voltou
com tantas! Vem vê-las!
(O Poeta, haicai de Guilherme de Almeida)
O
poeta e a poesia
Não
é o poeta que cria a poesia.
E sim, a poesia que condiciona o poeta.
Poeta
é a sensibilidade acima do vulgar.
Poeta
é o operário, o artífice da palavra.
E
com ela compõe a ourivesaria de um verso.
Poeta,
não somente o que escreve.
É
aquele que sente a poesia,
se
extasia sensível ao achado
de
uma rima, à autenticidade de um verso.
Poeta
é ser ambicioso, insatisfeito,
procurando
no jogo das palavras,
no
imprevisto texto, atingir a perfeição inalcançável.
O
autêntico sabe que jamais
chegará
ao prêmio Nobel.
O
medíocre se acredita sempre perto dele.
Alguns
vêm a mim.
Querem
a palavra, o incentivo, à apreciação.
Que
dizer a um jovem ansioso na sede precoce de lançar um livro…
Tão
pobre ainda a sua bagagem cultural,
tão
restrito seu vocabulário,
enxugando
lágrimas que não chorou,
dores
que não sentiu,
sofrimentos imaginários que não experimentou.
(Cora Coralina. Vintém de cobre, meias confissões de Aninha. São Paulo: Global, 1991)
7. Sobre o poema acima, responda:
a) De acordo com o poema, quem cria quem: o poeta cria a poesia ou a poesia cria o poeta? Explique esse pensamento.
b) O poema apresenta algumas características que, segundo a autora, definem o verdadeiro poeta. Quais são essas características? Cite e explique duas.
c) Explique o que a autora quer dizer quando afirma que o poeta busca “a perfeição inalcançável”.
d) Qual é a crítica que Cora Coralina faz aos jovens escritores que querem publicar um livro antes de amadurecerem?
e) O que a autora quer dizer ao afirmar que
muitos jovens escritores “enxugam lágrimas que não choraram e dores que não
sentiram”?
A pesca
O anil
O anzol
O azul
O silêncio
O tempo
O peixe
A agulha
vertical
mergulha
A água
A linha
A espuma
O tempo
O peixe
O silêncio
A garganta
A âncora
O peixe
A boca
O arranco
A rasgão
Aberta a água
Aberta a chaga
Aberto o anzol
Aquelíneo
Ágil-claro
Estabanado
O peixe
A areia
O sol.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Poesia
sobre poesia. Rio de Janeiro, Imago, 1975. p.145.
8.
O poema “A Pesca”, de Affonso Romano de Sant’Anna, foi
publicado no livro “Poesia sobre poesia” (1975). Ele faz parte da produção
poética do século XX, mais especificamente inserida no contexto da poesia
contemporânea brasileira, que se desenvolveu a partir da década de 1970. A
partir de sua leitura, responda:
a) Cada estrofe, ou grupo de estrofes, representa uma etapa do processo de pesca. Identifique essas etapas, indicando quais momentos da pescaria estão sendo retratados.
b) Na penúltima estrofe, aparecem três adjetivos. Quais deles transmitem a ideia de movimento? Explique qual é a importância dessa característica para o sentido do poema.
c) Embora o poema busque representar o ato de pescar, há apenas um verbo presente nos versos. Identifique esse verbo.
d) O poema apresenta uma sequência de ações ou descreve uma cena fixa? Explique sua resposta.
e) O
poema não utiliza conectivos para ligar os versos e as palavras. A ausência de
elementos de coesão prejudica o entendimento do poema? Explique.
Consoada
Quando
a Indesejada das gentes chegar
(Não
sei se dura ou caroável),
talvez
eu tenha medo.
Talvez
sorria, ou diga:
—
Alô, iniludível!
O
meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A
noite com os seus sortilégios.)
Encontrará
lavrado o campo, a casa limpa,
A
mesa posta,
Com
cada coisa em seu lugar.
(Manoel Bandeira, 1953)
9.
Com base na leitura do poema acima, explique:
a) Qual o significado da palavra “consoada”?
b) Segundo o sujeito eu-lírico do poema, quem seria a “indesejada das gentes”?
c) No decorrer do poema, há dois versos que aparecem entre parênteses. O que esse sinal de pontuação sugere para esses versos?
d) O que o sujeito quis expressar ao dizer “a noite com os seus sortilégios”?
e) A morte é um tema recorrente na poesia de
Manuel Bandeira. O que os últimos três versos do poema sugerem sobre o sujeito
eu-lírico em relação à morte?
TEXTO 1:
Poema de Sete Faces
Quando
nasci, um anjo torto
Desses
que vivem na sombra
Disse:
Vai, Carlos, ser gauche na vida
As
casas espiam os homens
Que
correm atrás de mulheres
A
tarde talvez fosse azul
Não
houvesse tantos desejos
O
bonde passa cheio de pernas
Pernas
brancas, pretas, amarelas
Para
que tanta perna, meu Deus? Pergunta meu coração
Porém,
meus olhos
Não
perguntam nada [...]
(Carlos Drummond de
Andrade, 1930)
TEXTO 2:
Let's play that
quando
eu nasci
um
anjo louco muito louco
veio
ler a minha mão
não
era um anjo barroco
era
um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis
que esse anjo me disse
apertando
minha mão
com
um sorriso entre dentes
vai
bicho desafinar
o
coro dos contentes
vai
bicho desafinar
o
coro dos contentes
let's
play that
(Torquato Neto, 1983)
10. Os dois poemas acima, embora publicados em épocas e contextos literários diferentes ainda apresentam pontos em comum. Responda às questões a seguir:
a) Nos dois poemas aparece um anjo. Como esse anjo é descrito em cada texto?
b) O que o anjo manda Drummond fazer quando ele nasce? E o que manda Torquato Neto fazer?
c) Em qual dos dois poemas o tom é mais divertido, engraçado ou descontraído? E qual é mais sério? Explique sua opinião.
d) A palavra "gauche" vem da língua francesa e significa "esquerdo". A expressão parece ser uma metáfora para quem é estranho, diferente, anda ao contrário da maioria. O que você compreende sobre o que anjo pede a Carlos?
e)
O
poema de Torquato Neto usa a expressão em inglês “Let’s play that”. Você sabe o
que significa? Por que você acha que ele usou uma expressão em inglês no meio
do poema?
Leia a obra de Cecília Meireles e responda à questão:
OU ISTO OU AQUILO
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
(https://www.culturagenial.com/poemas-cecilia-meireles/)
11. Assinale a alternativa incorreta, de acordo com o poema acima:
a)
O
poema foi escrito, visando o público infantil.
b)
O
poema fala das incertezas e dúvidas infantis.
c)
O
poema ensina sobre o ato de escolher.
d)
Através
de linguagem rebuscada e difícil, Cecília busca trazer a realidade infantil em
seu poema.
e)
Trata-se
de um poema lírico que apresenta versos livres.
Leia o poema a seguir para a questão 12:
POÇAS D’ÁGUA
As poças d´água são um mundo mágico
Um céu quebrado no chão
Onde em vez de tristes estrelas
Brilham os letreiros de gás Néon.
(Mario Quintana,
Preparativos de viagem, São Paulo, Globo, 1994.)
12. Levando-se em conta o texto como um todo, é correto afirmar que a metáfora presente no primeiro verso se justifica porque as poças:
a)
Refletem
a tristeza e a solidão do eu-lírico.
b)
Representam
um espaço de sonhos e imaginação.
c)
São
comparadas a um mundo real e palpável.
d)
Revelam
a fragilidade da vida urbana.
e)
Simbolizam
a escuridão da noite e o desconhecido.
TECENDO A MANHÃ
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
(MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida
severina e outros poemas.2007)
13. Estrutura repetitiva dos versos cria um ritmo que reflete:
a)
A
previsibilidade do fracasso dos galos tecerem a manhã.
b) A
dinâmica da vida em grupo, na qual a colaboração é definitiva para alcançar
grandes objetivos.
c)
A
independência dos indivíduos na construção de realidades paralelas.
d) Que
a manhã é resultado da liderança de um galo, que ao conclamar os demais,
consegue levar a comunidade ao avanço.
e) Como
a realidade do mundo animal não se aplica à vida humana, pois o homem não é
capaz de tecer a manhã.
“ Vou-me embora prá Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora prá Pasárgada”
( Manuel Bandeira )
14. Ao ler esses versos de Manuel Bandeira, pode-se dizer que:
I - O poema reflete a busca do autor para a liberdade.
II - No poema há o entendimento de que o autor já viveu em Pasárgada, como se lá fosse a sua própria morada de outrora.
III - O poema ressalta a ideia do poeta de uma fuga para um lugar melhor.
IV - Em Pasárgada, o autor teria a
possibilidade de viver aventuras amorosas e a satisfação de desejos eróticos.
Estão corretos os itens:
a)
Somente
I e IV
b)
Somente
II e III
c)
Somente
I e III
d)
I,
II, III e IV
e)
Nenhuma
das opções.
SONETO DE FIDELIDADE
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(DE MORAES, V. Soneto de
Fidelidade., 1939.)
15.
A partir do Soneto de Fidelidade e das declarações
destacadas na enumeração a seguir, assinale a alternativa que melhor justifica
a sua versificação:
I- É um poema escrito em redondilha maior, com versos de sete sílabas, chamados de heptassílabos.
II- É um poema com versos decassílabos ou alexandrinos, agrupados em duas quadras e em dois tercetos.
III- Os versos são compostos por três rimas, “ento”, “ure” e “ama”.
IV- Os versos possuem tercetos não
tradicionais aos que se estudam em sonetos italianos.
a)
Apenas
a I está correta.
b)
As
opções I, II e III estão erradas.
c)
As
opções II e IV estão corretas.
d)
As
opções II, III e IV estão corretas.
e)
Todas
as declarações estão erradas.
MIGALHAS
Entre a toalha branca e um bule de café
seria inapropriado dizer
eu não te amo mais.
Era necessário algo mais solene,
um jardim japonês para as perdas pensadas,
um noturno de tempestade para arrebentar de
dor,
uma praia de pedras para chorar em silêncio,
uma cama alta para o incenso da despedida,
uma janela dando para o abismo.
No entanto você abaixa os olhos
e recolhe lentamente as migalhas de pão
sobre a mesa posta para dois.
(MARQUES, A. M. A vida submarina. São Paulo: Cia. das Letras, 2021.)
16. Nesse poema, a representação do sentimento amoroso recupera a tradição lírica, mas se ajusta à visão contemporânea ao
a)
invocar
o interlocutor para uma tomada de posição.
b)
questionar
a validade do envolvimento romântico.
c)
diluir
em banalidade a comoção de um amor frustrado.
d)
transformar
em paz as emoções conflituosas do casal.
e)
condicionar
a existência da paixão a espaços idealizados.
Sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
Poeta fui de rápido destino
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau de arara.
Quero, por isso, falar com você
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí matando
[...]
Homem comum, igual
a você,
[...]
Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonhos e margaridas.
17. No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de
a)
agregação
construtiva e poder de intervenção na ordem instituída.
b)
força
emotiva e capacidade de preservação da memória social.
c)
denúncia
retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias.
d)
ampliação
do universo cultural e intervenção nos valores humanos.
e)
identificação
com o discurso masculino e questionamento dos temas líricos.
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas” e
faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
(PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.)
18. O poema de Adélia Prado, que segue a proposta moderna de tematização de fatos cotidianos, apresenta a prosaica ação de limpar peixes na qual a voz lírica reconhece uma
a)
expectativa
do marido em relação à esposa.
b)
imposição
dos afazeres conjugais.
c)
disposição
para realizar tarefas masculinas.
d)
dissonância
entre as vozes masculina e feminina.
e)
forma
de consagração da cumplicidade no casamento.
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa
era a imagem
de um vidro mole que fazia uma volta atrás de
casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta que
o rio faz
por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que
fazia
uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
(BARROS, M. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro: Record, 2001.)
19. Manoel de Barros desenvolve uma poética singular, marcada por “narrativas alegóricas”, que transparecem nas imagens construídas ao longo do texto. No poema, essa característica aparece representada pelo uso do recurso de
a)
resgate
de uma imagem da infância, com a cobra de vidro.
b)
apropriação
do universo poético pelo olhar objetivo.
c)
transfiguração
do rio em um vidro mole e cobra de vidro.
d)
rejeição
da imagem de vidro e de cobra no imaginário poético.
e)
recorte
de elementos como a casa e o rio no subconsciente.
Poética
“O que é a Poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos
os lados.
Que é o Poeta?
um homem
que emprega o poema
com o suor do seu rosto.
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.”
(Cassiano Ricardo)
20. Assinale a alternativa que traz informação CORRETA a respeito do poema de Cassiano Ricardo.
a) O
poeta, por se mostrar efêmero, proclama a necessidade de ser intenso e
aproveitar cada momento de sua inspiração.
b)
O
poeta enaltece os obstáculos que surgem ao longo de sua criação poética.
c) Todos
os versos são marcados por enorme desejo de alcançar a liberdade em um lugar
onde haja plena harmonia.
d)
O
poeta quando afirma que “poesia é uma ilha cercada de palavras por todos os
lados...” valoriza o vocabulário porque considera um estímulo para o
desenvolvimento da escrita, da leitura e do raciocínio intelectual.
e)
Os
versos são construídos a partir de um vocabulário cotidiano com o intuito de
estimular o leitor a ser um poeta criativo.
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GABARITO
OFICIAL
1.
a) Ambos têm versos curtos, divisão em estrofes, ritmo e
intenção poética, com uso criativo da linguagem.
b) Imaginação e encanto com elementos da natureza como se
fossem vendidos em um leilão.
c) Encantamento, leveza, alegria, curiosidade, senso
lúdico.
d) Denúncia social sobre a mortalidade infantil no Piauí.
e) Indignação, tristeza, revolta, compaixão, reflexão sobre
desigualdade.
2.
a) Figurado: não é venda real, mas convite ao imaginário e
à fantasia.
b) Jardim com flores, borboletas, passarinhos, caracol,
raio de sol, lagarto, sapo, formigueiro, cigarra, grilo.
c) Cria ritmo, musicalidade, reforça o tom lúdico e o apelo
ao imaginário.
d) Flores / cores e Canção / chão
e) Sugestão de resposta: Eu escolheria o raio de sol,
porque simboliza alegria, calor e esperança.
3.
a) Uso expressivo da linguagem, versos livres, repetição,
forte carga emocional e reflexiva.
b) A alta mortalidade infantil no Piauí.
c) Impacto, ênfase, causa choque, força o leitor a encarar
a gravidade do dado.
d) Ao repetir e fragmentar o dado, gera comoção, urgência e
um tom de protesto.
e) Mostra injustiça social, diferença no acesso a saúde,
expõe vulnerabilidade infantil no Brasil.
4. ( F ) ( V ) ( F ) ( V ) ( V )
( V )
5. (2) (5) (1) (4) (3)
6. ( V ) ( V ) ( V ) ( F ) ( V )
( F )
7.
a) A poesia cria o poeta — é a poesia que molda o poeta.
b) Sensibilidade acima do vulgar (capacidade de sentir o
mundo) e Operário da palavra (trabalha a linguagem com cuidado).
c) A busca constante de melhorar a poesia, mesmo sabendo
que nunca será perfeita.
d) Publicam cedo demais, sem bagagem cultural ou
maturidade.
e) Fingem emoções não vividas; escrevem sem autenticidade.
8.
a) Preparação (anzol, linha, silêncio), espera, fisgada,
arranco do peixe.
b) Aquelíneo, ágil-claro, estabanado. Destacam o movimento
brusco do peixe.
c) Mergulha
d) Sequência de ações — descreve o processo da pesca em
etapas.
e) Não. Torna o poema mais fragmentado e direto, refletindo
o ato da pesca.
9.
a) Lanche à noite após o jantar, antes de ir dormir.
b) A morte.
c) Comentário reflexivo.
d) Mistério.
e) Sugere aceitação: morte como visita esperada.
10.
a) Drummond: anjo torto, sombrio e Torquato: anjo louco,
com asas de avião.
b) Drummond: ser gauche na vida (diferente, deslocado) e Torquato:
desafinar o coro dos contentes (questionar o sistema).
c) Torquato: mais descontraído e irônico e Drummond: mais
sério e introspectivo.
d) Viver de forma não convencional, aceitar ser diferente.
e) “Vamos tocar isso / brincar com isso”. Uso do inglês dá
tom moderno, globalizado, pop.
11. D
12. B
13. B
14. D
15. C
16. C
17. A
18. E
19. C
20. D
Muito bom esse material, usarei nas minhas aulas!
ResponderExcluirParabéns!
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